Maria Cardeira da Silva é Professora Associada no Departamento da NOVA FCSH e investigadora do CRIA. Tem desenvolvido trabalho em contextos Árabes e Islâmicos, mas também em Portugal, fazendo pesquisa sobre Islão, Género, Património e Turismo.
Desenvolveu o seu interesse e investigação pelo património de origem portuguesa no âmbito das duas edições do Projeto Castelos a Bombordo (FCT 2006-2012) que coordenou e, como investigadora Sénior do Projeto ERC CAPSAHARA (2017-2021) analisou, para além de questões de género e feminismo, os processos de patrimonialização e os museus espontâneos no deserto da Mauritânia.
É membro do Grupo de trabalho de Património Imaterial da UNESCO em Portugal.
Recentemente publicou “Sustainable emotions: the front and backstages of slavery in Gorée Island. Etnográfica. Volume 25 :2. p. 437-464.

Foi Investigadora e Curadora das Exposições:
*Fora do Padrão: Lembranças da Exposição de 1940. CRIA /Padrão dos Descobrimentos/EGEAC/FCSH-UNL, 2016.
*Are You a Tourist. CRIA /Padrão dos Descobrimentos/EGEAC/FCSH-UNL, Lisboa, 12 de Julho a 15 de Dezembro 2019.
*Enchanted Places, Heritage Spaces. 2020, CRIA/ Museu Nacional de Etnologia, ainda em exibição, no âmbito do Projeto HERA HERILIGION de que participou com investigação sobre Mértola.

Património: apropriação, reparação e restituição

Maria Cardeira da Silva (coord.),
Manuela Ribeiro Sanches, Paulo Costa, Rosa Melo

Resumo:

O pensamento crítico sobre o património, bem como alguns movimentos ativistas, têm já evidenciado de forma profícua o princípio de apropriação que lhe subjaz. Nesta mesa-redonda queremos, contudo, focalizar-nos de forma concreta e operacional em torno de três questões:

 1) Seremos capazes de encontrar argumentação e respostas às formas de apropriação que o património engendra sem recorrer aos seus próprios pressupostos que assentam, frequentemente, em ideias essencialistas e reificadas de cultura, comunidade e nação?

 2) Que soluções compensatórias efetivas podem encontrar-se, no caso português, para as demandas de reparação e/ou restituição?

 3) Deve esta discussão centrar-se exclusivamente num quadro pós-colonial e internacional, ou levar-nos a pensar conjuntamente noutras assimetrias e eventuais formas de democratização e possível redistribuição do património?

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Manuela Ribeiro Sanches é professora aposentada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O seu interesse por literatura de viagens levou-a a alargar a sua área de pesquisa ao campo da história da antropologia, em articulação com os estudos culturais, a partir de uma perspetiva pós-colonial, tendo-se dedicado ao estudo dos efeitos e repercussões, até ao presente, dos processos de (des)colonização a nível cultural e político. Organizou os volumes Deslocalizar a Europa. Antropologia, Arte, Literatura e História na pós-colonialidade e Portugal não é um país pequeno. Contar o ”Império” na pós-colonialidade, Livros Cotovia), Malhas que os impérios tecem – Textos anticoloniais, contextos pós-coloniais, Edições 70), entre outros. Mais recentemente publicou uma tradução anotada dos Escritos políticos e psiquiátricos de Frantz Fanon (Lisboa, Book Builders 2021).

Paulo Ferreira da Costa, antropólogo, é Diretor do Museu Nacional de Etnologia desde 2015. Na Direção-Geral do Património Cultural desempenhou funções de Chefe da Divisão do Património Imóvel, Móvel e Imaterial (2012-2014). Foi Diretor do Departamento de Património Imaterial do Instituto dos Museus e da Conservação (2007-2012) e Diretor de Serviços de Inventário do Instituto Português de Museus (2002-2007). Trabalhou no Museu Nacional de Etnologia entre 1993 e 2001.

Rosa Melo é angolana, Doutorada em Antropologia pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). Desenvolveu projectos de pós-doutoramento sediados no Instituto de Investigação Científica e Tropical (IICT), em Lisboa, e na Indiana University (EUA). Tem o Sul de Angola como espaço privilegiado de pesquisa. Trabalha sobre questões de identidade, nomeadamente étnica, de poder e de género, entre os Handa. Preocupa-se com questões que se prendem com as emoções, a medicina tradicional e etno-farmacopeia handa, bem como com as implicações da guerra pós-independência nas práticas mortuárias e de luto. O Poder Tradicional, em Angola, constitui outro dos seus interesses de pesquisa. Tem leccionado em diferentes instituições do Ensino Superior, em Angola e foi, durante vários anos, Directora Nacional das Comunidades e Instituições do Poder Tradicional, primeiro, no Ministério da Cultura e, depois, no Ministério da Cultura Turismo e Ambiente.